Cristina Kirchner fala em reaver as Malvinas por ‘vias pacíficas’

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse neste domingo (01/04) que “a guerra não deve ser celebrada”. A declaração foi uma referência ao aniversário de 30 anos do desembarque das tropas enviadas pelo general Leopoldo Fortunato Galtieri que disputaram contra o Reino Unido a Guerra das Malvinas.

Durante seu discurso em homenagem aos 649 soldados argentinos mortos em confrontos com os britânicos, Cristina afirmou também que sua nação se transformou em “porta-bandeira da paz”, já que “a guerra traz somente atraso e ódio”. Ainda de acordo com a presidente argentina, seu País pretende reaver as ilhas por meio de “vias pacíficas”.

Cristina Kirchner ressaltou também que a guerra não foi uma decisão de seu povo, tentando desvincular a nação argentina da Guerra das Malvinas e omitindo o respaldo ostensivo das multidões ao ditador Galtieri na época do conflito.

Como tudo começou…

Toda esta polêmica é fruto de uma antiga reivindicação da Argentina que requer a posse do território, controlado entre os anos de 1820 e 1833 pela província de Buenos Aires, sendo posteriormente anexado à Grã-Bretanha durante os 179 anos seguintes, exceto pelo breve intervalo de 74 dias quando as tropas da ditadura argentina controlaram as ilhas durante a guerra de 1982.

Em tom conciliador, contrariando o seu costume, a presidente pediu ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, que escute a sugestão da ONU, sugerindo que os dois países dialoguem para decidir sobre a soberania do arquipélago.

O discurso de Cristina Kirchner ocorreu diante do monumento aos mortos nas Malvinas, na cidade de Ushuaia, capital da província de Terra do Fogo. Ushuaia acabou sendo a escolhida para a principal das homenagens que celebravam a data, já que a cidade teve um simbolismo especial, pois, pelo menos no papel, tem jurisdição sobre as Malvinas.

“Não reclamamos nenhuma coisa além do diálogo para discutir a soberania, respeitando o interesse dos ilhéus”, sustentou Cristina.

Vale lembrar que com o discurso deste domingo, a presidente se referiu, pela primeira vez, de forma mais enfática, aos kelpers – como são chamados os habitantes das Malvinas –, descendentes de escoceses, galeses, irlandeses e ingleses.

“Poucos países no mundo possuem a liberdade migratória que a Argentina tem. Ora essa, como é que não respeitaríamos os ilhéus?”, sublinhou Cristina, mostrando-se mais uma vez receptiva ao diálogo.

“É uma injustiça que em pleno século 21 ainda existam enclaves coloniais”, disse Cristina sobre as Malvinas. “Existem somente 16 colônias em todo o mundo. Dez delas são da Grã-Bretanha. Os britânicos pretendem ter um domínio a mais de 14 mil quilômetros de distância (de Londres)”, pontuou.

No discurso, a presidente informou que enviou uma carta à Cruz Vermelha onde solicita que a entidade “interceda perante a Grã-Bretanha pela identificação dos argentinos (mortos em combate nas ilhas) que ainda não puderam ser identificados”.

Mais de cem soldados argentinos estão enterrados sem identificação no cemitério argentino em Darwin, nas Malvinas.

 

Com informações do site do jornal O Estado de S. Paulo

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